Meu coração, de Frank O’ Hara
MY HEART
I’m not going to cry all the time
nor shall I laugh all the time,
I don’t prefer one “strain” to another.
I’d have the immediacy of a bad movie,
not just a sleeper, but also the big,
overproduced first-run kind. I want to be
at least as alive as the vulgar. And if
some aficionado of my mess says “That’s
not like Frank!,” all to the good! I
don’t wear brown and grey suits all the time,
do I? No. I wear workshirts to the opera,
often. I want my feet to be bare,
I want my face to be shaven, and my heart —
you can’t plan on the heart, but
the better part of it, my poetry, is open.
MEU CORAÇÃO
Eu não vou chorar o tempo todo
nem vou rir o tempo todo
Eu não prefiro uma tensão a outra.
Eu prefiro o imediatismo de um filme ruim
não apenas um entediante, mas também o mais
super produzido e iniciante. Eu quero estar
ao menos tão vivo quanto vulgar. E se
algum aficionado nessa bagunça disser: Este
não parece Frank!”, tudo para o bem! Eu
não visto ternos marrom e cinza o tempo todo,
Eu? Não. Eu visto uniformes numa ópera,
regulamente. Eu quero que meu pé esteja descalço,
Eu quero que meu rosto esteja barbeado, e meu coração -
não se planeja o coração, mas
a melhor parte dele, minha poesia, está aberta.
Tradução: Fernando Impagliazzo